Em Junho a TVI exibiu uma suposta reportagem sobre a E3, bem pelo menos falou-se do evento no meio da reportagem que de resto a peça foi uma autentico ataque aos videojogos. A peça era para falar sobre a E3 mas acabou por se desviar do assunto falando-se antes dos efeitos nocivos que os jogos poderiam trazer. Uma das normas do jornalismo é a imparcialidade, devia ter-se falado do assunto e não dado uma opinião sobre o mesmo.
No inicio da peça “isolamento, agressividade e fuga de questões emocionais” são associados aos videojogos como se de uma verdade indiscutível se tratasse, “expressões que nem crianças nem adolescentes nem pais querem ouvir quando se fala em videojogos” aqui está claramente presente o preconceito de que apenas as crianças e adolescentes jogam videojogos, mas à frente é enfatizado que na feira existem adultos, como se fosse uma surpresa existirem adultos numa feira de videojogos. “… crianças, jovens e graúdos, graúdos sim, porque na feira de Los Angeles a grande maioria dos visitantes são adultos”.
No final da peça referiu-se que um massacre nos Estados Unidos em 1999 e os atentados de Oslo, na Noruega, podem estar associados aos videojogos. Aparecerem imagens de Anders Breivik numa “reportagem” sobre a E3 diz muito da qualidade da informação deste canal nacional.
Na altura esta “reportagem” gerou uma grande polémica tendo mesmo sido feito uma petição a exigir um pedido de desculpas formal da TVI aos jogadores.
Poucas semanas depois do ocorrido os videojogos voltam a ser assunto na TVI mas não para um pedido de desculpas como os jogadores queriam. O psicólogo Quintino Aires foi ao programa “Você na TV” falar sobre “Brincadeiras de Crianças feitas por adultos”, a dada altura a apresentadora fala sobre “os que são viciados em Playstation” ao que o psicólogo responde “PlayStation é veneno“. Aqui está logo o primeiro problema “PlayStation” é a designação que os meus avós e a maioria das pessoas sem experiência no assunto usam para se referir às consolas. Estando ele num programa de televisão deveria usar as designações correctas, “videojogos” ou “consolas” e não “PlayStation”, percebemos perfeitamente que o alvo dos ataques são os videojogos mas ele em toda a sua intervenção referiu-se sempre à consola da Sony quando existem as consolas da Microsoft, Nintendo e não só. Não sei se a Sony irá tomar alguma providencia em relação ao que foi dito pelo psicólogo uma vez que este difamou um dos seus produtos tendo mesmo dito para os pais não comprarem a PlayStation.
Só por se referir a “PlayStations” em vez de videojogos demonstra logo que não possui tanta experiência no assunto como diz ter.
No programa faz as seguintes afirmações: “a PlayStation é veneno” , “porque não ajuda a criatividade, não desenvolve a relação, não faz bem absolutamente a nada” ,”pessoas ficam frias, secas, incapazes de se relacionar com os outros” entre outras coisas.
A verdade é que existem jogos que ajudam a desenvolver a criatividade dos jogadores, um bom exemplo é Minecraft onde basta puxar pela imaginação para fazermos as nossas construções.
O ano passado noticiamos aqui que um estudante suíço conseguiu o emprego de treinador equipa da primeira liga graças à experiência que ganhou a jogar Football Manager durante vários anos. Afinal os videojogos não servem para nada?
A questão dos videojogos tornarem os jogadores anti-sociais já é velha, para já os jogos possuem uma vertente social cada vez maior e nas consolas que estão para chegar vai ser um factor ainda de maior importância. Então os amigos não se encontram para jogarem juntos? Não há pais que jogam com os filhos? Não se pode estar a jogar e ao mesmo tempo comunicar por mensagem, microfone e video com os amigos quando se joga em conjunto? Não é por alguém jogar que vai ser mau aluno na escola ou mau profissional, que não vá desenvolver relações e até casar-se e ter filhos.
Em relação ao desemprego jovem já tinha ouvido muita coisa mas agora que a culpa é dos videojogos, ele afirma que os jovens são incapazes de procurar emprego mas não serão antes incapazes de o encontrar, onde é que os licenciados vão conseguir emprego se não os há, e os que estão empregados não sabem se amanhã não serão postos na rua.
Para mim de tudo o que foi dito o pior foi ter comparado as “PlayStations” com as drogas, ou seja jogar é como consumir drogas, “a cocaína e heroína também nos faz sentir bem e destrói-nos a vida” e mais à frente voltou a dizer “a PlayStation é como a coca e heroína, dá-nos gozo” . Nem vale a pena dizer mais nada sobre este ponto.
Depois da peça sobre a E3 exibida no telejornal da TVI e agora com estas afirmações do psicólogo os jogadores ficaram ainda mais indignados e com razão. No espaço de poucas semanas os videojogos foram atacados pelo mesmo canal , já temos uma sociedade preconceituosa contra a industria dos videojogos não é preciso termos os meios de comunicação a aumentar ainda mais esse preconceito com argumentos sem fundamento.
E qual o canal responsável por toda esta polémica? Precisamente a TVI que como todos sabem passa em horário nobre (e a toda a hora) novelas e reality shows, só este ano já tivemos Casa dos Segredos e Big Brother e pelos vistos no final do ano vai voltar a Casa dos Segredos, o que é que os telespectadores aprendem com estes programas, no que é que eles vão ajudar no desenvolvimento, e o que é o pior de tudo? É a televisão líder de audiências, qual é a graça de ver uma dúzia de gajos enfiados dentro de uma casa sem fazerem nada? O que será “Veneno” afinal.
Felizmente nem todos pensam da mesma forma, o psicólogo Eduardo Sá antes destes acontecimentos veio defender os videojogos, “O que eu gostava que os pais definitivamente percebessem, é que não há maneira de um jogo ou vários jogos transformarem uma criança saudável num adolescente violento” e acrescentou ainda “Eu tornava os jogos obrigatórios“